quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ARMINIANISMO E CALVINISMO – ATÉ QUE PONTO VALE A PENA CONTINUAR ESSE DEBATE?




O calvinismo e arminianismo são duas correntes em que envolvem o Cristianismo que tentam explicar questões relacionadas à salvação, soberania e o livre arbítrio.

É a partir da Reforma protestante que Martinho Lutero coloca um ponto de equilíbrio em determinadas questões teológicas relacionadas a Jacob Arminius e João Calvino, pois se de um lado tem a defesa da depravação parcial, por outro tem a depravação total.

Vale lembra que os pontos de vistas defendidos não partem de Jacob Arminius e João Calvino, e sim dos seus discípulos que utilizaram de suas teologias para dar fundamentos aos 5 pontos diferentes entre elas.

Vamos neste artigo, por em questão até que ponto vale a pena continuar o debate de alguns pontos teológicos em torno das correntes arminianista e calvinista.

É bom lembrar que na diversidade do Corpo de Cristo, há uma certa heterogênea nos pontos defendidos por esses dois teólogos. Isso significa que, as denominações podem ser totalmente calvinistas ou arminianista ou parcial nas duas questões.

Conforme SILVA, (2000, p210), cada qual desses grupos tenta defender suas interpretações como sendo a única e verdadeira.

O determinismo e o livre arbítrio são dois polos de uma verdade maior. Inútil será querer eliminar um destes dois polos.

Outro eixo é advertir contra o perigo de render-se a visões extremadas sobre aspectos da salvação e defender uma posição teológica equilibrada: aceitar a soberania e a presciência de Deus ao lado da responsabilidade humana de escolher ou rejeitar a oferta de salvação.
Apesar de ambos “arminianismo e calvinismo” pregarem ao mesmo tempo os “temas teológicos” tais como: Eleição e Predestinação, Expiação “limitada ou ilimitada, Graça “resistível ou irresistível”  e etc, divergem entre si no que tange ponto de vista, e é aqui vale a pena continuar o debate, é por ponto de equilíbrio.

Conforme ( BANZOLI,14) apesar de o arminianismo seja a doutrina da salvação, temos que resgatar os princípios morais sobre o Deus de amor, graça, misericórdia, justiça, retidão e compaixão por todos os homens – sentidos esses abandonados por um calvinismo ansioso de apresentar Deus aos perdidos como alguém que só ama se eles estiverem no rol dos eleitos e se não tiverem essa sorte serão lançados para sempre em um inferno eterno, não tendo nada a fazer contra isso, pois para isso já foram ordenados desde antes da fundação do mundo.

Segundo GIRARDEAU (2011) é verdade que a misericórdia torna possível a condição, mas a justiça demanda o galardão de sua realização. Esta conclusão só poderia ser validada fazendo a fé e a perseverança na santa obediência os produtos da graça eficaz.

Como é de perceber, as ideias arminianas possuem uma disparidade considerável com o sistema calvinista, por essas e outras razões, valem a pena continuar a discutir, pois ambas as discussões possuem verdades essenciais que podem e devem nos unir em Cristo Jesus.

A necessidade de estudar as duas correntes teológicas é de fundamental importância para o cristão, a partir de uma análise cuidadosa para evitar o extremismo tanto de um lado quanto do outro.
           



Referências Bibliográficas
BALZONI, LUCAS. Calvinismo e Arminianismo – Quem está com a razão. Disponível em:https://sempredestinacao.files.wordpress.com/2015/12/lucas_banzoli-calvinismo_ou_arminianismo_quem_esta_com_a_razao.pdf Acesso em : 12 ago.2018.
GIRARDEAU, JOHN. L. Calvinismo e Arminianismo Evangélico – editora: Primícias, 2011.

Silva, Osmar José da. Liturgia, Rituais Símbolos, Cerimônias, Costumes e Historias. ed: Autor, 2000,p 210.



Aluno do Curso de Mestrado em Teologia: DEGNALDO SILVA DE CARVALHO















segunda-feira, 12 de novembro de 2018

AS TEORIAS ACERCA DA ORIGEM DA ALMA






Acerca das Teorias sobre a origem da alma procuro propor uma solução lógica e mais próxima da correta, à qual se seguirá, à guisa de Apêndice ilustrativo, uma breve resenha de teorias até então expostas e algumas não aceitáveis.

O Criacionismo (Teoria que afirma que cada alma é criada por Deus ex-nihilo).  Seguido por Aristóteles, Jerônimo, Pelágio, Calvino, católicos romanos e teólogos reformados, diz que cada alma individual é criada imediatamente por Deus e colocada no corpo na concepção, ou um pouco mais tarde.

A questão da origem da alma humana se resolve sem dificuldade, desde que se leve em conta a sua natureza espiritual. Com efeito; se o modo de agir revela o modo de ser (ou a índole própria) de determinada criatura, o modo de ser, por sua vez, revela o modo de começar ou de originar-se dessa criatura. Há uma correspondência entre agir, ser e vir-a-ser:

A primeira manifestação de uma criatura é o seu modo de agir. Observando-o, percebemos o seu modo de ser; e, observando o modo de ser, deduzimos o modo de vir-a-ser dessa criatura.

Consequentemente, se o agir e o ser da alma humana ultrapassam o concreto material ou transcendem a matéria, a origem da mesma há de ser também imaterial. Com outras palavras: a alma humana não vem da matéria nem por evolução nem por geração, mas diretamente por um ato criador de Deus. – O Senhor cria e infunde cada alma humana no momento em que se dá a fecundação do óvulo pelo espermatozoide; o embrião recém-fecundado já possui virtualmente a organização típica do corpo humano; basta que cresça para que revele as características do organismo humano; daí dizer-se que já é animado pelo princípio vital (alma) próprio do corpo humano. Está hoje em dia superada a tese da animação gradativa, segundo a qual o embrião teria primeiramente uma alma meramente vegetativa; depois, uma alma sensitiva, e por último a alma intelectiva, tipicamente humana e espiritual. Não há razão para admitir tal hipótese, visto que o embrião humano já é plenamente humano desde que existe o ovo fecundado; uma só alma – intelectiva e espiritual – preenche as funções vegetativas, sensitivas e intelectivas. EvangelicalDictionaryOfTeology, Walter A. Elwell, pp. 1037, 1106,– A propósito veja-se o artigo do Prof. JérômeLejeune, publicado em PR 305/1987, pp. 457-461, no qual o autor, após longa pesquisa, afirma a existência de autêntico ser humano desde a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

Teorias não aceitáveis

a) O emanatismo ensina que a alma humana é centelha da Divindade apoucada ou amesquinhada na matéria; entraria no embrião por emanação a partir da Divindade. Tal é a posição de correntes panteístas antigas, medievais e modernas. – Não se sustenta, pois supõe que a Divindade se possa repartir, distribuindo-se pelos corpos dos seres humanos. A Divindade não tem partes, pois isto significaria ser extensa e corpórea – predicados que não competem a Deus, ciencia_e_fé.

b) O traducianismo¹ ou generacionismo corporal admite que a alma de cada genitor possa emitir uma semente vital; a respectiva fecundação daria origem à alma da prole. – Tal teoria é falha por atribuir à alma espiritual sementes vitais corpóreas, das quais se originaria outra alma espiritual. Espírito e corpo são realidades radicalmente diferentes, de modo que não há transição de uma para outra. O espírito é precisamente o ser incorpóreo, inextenso e imaterial, dotado de inteligência e vontade.

c) O traducianismo ou generacionismo espiritual afirma que, por ocasião da fecundação, a alma da prole se deriva das almas dos genitores como a chama se deriva da chama, sem semente corpórea. Santo Agostinho (+ 430) era propenso a admitir tal teoria. – Também esta é falha, pois supõe que a alma humana se possa repartir – o que contradiz à natureza espiritual da alma humana; o espírito não tem extensão nem partes.

S. Agostinho era favorável a tal tese, pois lhe parecia explicar bem a transmissão do pecado original. – Ora a propósito deve-se dizer que o pecado original na criança não consiste em alguma mancha herdada dos pais, mas, sim, na ausência da graça santificante e dos demais dons que os primeiros pais receberam e deviam ter guardado para os transmitir aos seus descendentes. Essa ausência é compatível com a realidade de uma alma espiritual diretamente criada por Deus, com tudo o que naturalmente a integra; a graça santificante e os dons paradisíacos foram gratuitamente dados por Deus aos primeiros pais; não pertencem à essência da alma humana.
Resta, pois, a doutrina criacionista como genuína maneira de explicar a origem da alma humana.

 A alma do homem e sua origem.

(a) A natureza da alma. A alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, usando os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais e os órgãos do corpo para se expressar e comunicar-se com o mundo exterior.
Originalmente a alma veio a existir em resultado do sopro sobrenatural de Deus. Podemos descrevê-la como espiritual e vivente, porque opera por meio do corpo. No entanto, não devemos crer que a alma seja parte de Deus, pois a alma peca. É mais correto dizer que é dom e obra de Deus. (Zac. 12:1.) Segundo MyerPearlman devem-se notar quatro distinções: 

1. A alma distingue a vida humana e a vida dos irracionais das coisas inanimadas e também da vida inconsciente como a vegetal. Tanto os homens como os irracionais possuem almas (em Gên. 1:20, a palavra "vida" é "alma" no original). Poderíamos dizer que as plantas têm alma (no sentido de um princípio de vida), mas não é uma alma consciente.
 
2. A alma do homem o distingue dos irracionais. Estes possuem alma, mas é alma terrena que vive somente enquanto durar o corpo. (Ecl. 3:21.) A alma do homem é de qualidade diferente sendo vivificada pelo espírito humano. Como "toda carne não é a mesma carne", assim sucede com a alma; existe alma humana e existe alma dos irracionais. Evidentemente, os homens fazem o que os irracionais não podem fazer, por muito inteligentes que sejam; a sua inteligência é de instinto e não proveniente de razão. Tanto os homens como os irracionais constroem casas. Mas o homem progrediu, vindo a construir catedrais, escolas e arranha-céus, enquanto os animais inferiores constroem suas casas hoje da mesma maneira como as construíam quando Deus os criou. Os irracionais podem guinchar (como o macaco), cantar (como o pássaro), falar (como o papagaio); mas somente o homem produz a arte, a literatura, a música e as invenções cientificas. O instinto dos animais pode manifestar a sabedoria do seu Criador, mas somente o homem pode conhecer e adorar a seu Criador. Para melhor ainda ilustrar o lugar elevado que ocupa o homem na escala da vida, vamos observar os quatro degraus da vida, que se elevam em dignidade um sobre o outro, conforme a independência sobre a matéria. Primeiro, a vida vegetal, que necessita de órgãos materiais para assimilar o alimento; segundo, a vida sensível, que usa os órgãos para perceber as coisas materiais e ter contato com elas; terceiro, a vida intelectual, que percebe o significado das coisas pela lógica, e não meramente pelos sentidos; quarto, a vida moral, que concerne à lei e à conduta. Os animais são dotados de vida vegetativa e sensível; o homem é dotado de vida vegetativa, sensível, intelectual e moral. 

3. A alma distingue um homem de outro e dessa maneira forma a base da individualidade. A palavra "alma" é, portanto, usada frequentemente no sentido de "pessoa". Em Êxodo. 1:5 "setenta almas" significa "setenta pessoas". Em Rom.13:1 "cada alma" significa "cada pessoa". Atualmente dizemos, " não havia nem uma alma presente", referindo-nos às pessoas. 

4. A alma distingue o homem não somente das ordens inferiores, mas também das ordens superiores dos anjos, porque estes não têm corpos semelhantes aos dos homens. O homem tomou-se um "ser vivente", quer dizer, a alma enche um corpo terreno sujeito às condições terrenas. Os anjos se descrevem como espíritos (Heb. 1:14), porque não estão sujeitos às condições ou limitações materiais. Por essa mesma razão se descreve Deus como "Espírito". Mas os anjos são espíritos criados e finitos, enquanto Deus é o Espírito eterno e infinito. 

(b) A origem da alma. Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado no homem o sopro de vida. Mas como chegaram a existir as almas desde esse tempo? Os estudantes da Bíblia se dividem em dois grupos de idéias diferentes: (1) Um grupo afirma que cada alma individual não vem proveniente dos pais, mas sim pela criação Divina imediata. Citam as seguintes escrituras: Is. 57:16; Ecl. 12:7; Hb. 12:9; Zc. 12:1

(2) Outros pensam que a alma é transmitida pelos pais. Apontam o fato de que a transmissão da natureza pecaminosa de Adão à posteridade milita contra a criação divina de cada alma; também o fato de que as características dos pais se transmitemà descendência. Citam as seguintes passagens: João 1:13; 3:6; Rom. 5:12; 1 Cor.15:22; Efés. 2:3; Heb. 7:10. 

(c) Alma e corpo. A relação da alma com o corpo pode ser descrita e ilustrada da seguinte maneira: 

1. A alma é a depositária da vida; ela figura em tudo que pertence ao sustento, ao risco, e à perda da vida. É por isso que em muitos casos a palavra "alma" tem sido traduzida "vida". (Vide Gên. 9:5; 1 Reis 19:3; 2:23; Prov. 7:23; Êx. 21:23,30; 30:12; Atos 15:26.) A vida é o entrosamento do corpo com a alma. Quando a alma e o corpo se separam, o corpo não existe mais; o que resta é apenas um grupo de partículas materiais num estado de rápida decomposição.

2. A alma permeia e habita todas as partes do corpo e afeta mais ou menos diretamente todos os seus membros. Este fato explica por que as Escrituras atribuem sentimentos ao coração e aos rins (Sal. 73:21; Jo 16:13; Lm. 3:13; Prov. 23:16; Sal. 16:7; Jr. 12:2; Jo. 38:36); às entranhas (Fl. 12; Jr. 4:19; Lm. 1:20;

2:11; Ct. 5:4; Isa. 16:11); e ao ventre (Hab. 3:16; Jo 20:23; 15:35; João 7:38). Esta mesma verdade, de que a alma permeia o corpo, explica porque em muitas passagens se descreve a alma executando atos corporais. (Prov. 13:4; Isa. 32:6; Num. 21:4; Jr. 16:16; Gên.44:30; Ez. 23:17, 22, 28.) "As partes internas" ou "entranhas" é a expressão que geralmente descreve o entrosamento da alma com o corpo. (Isa. 16:11; Sal. 51:6; Zac. 12:1; Isa. 26:9; 1 Reis 3:28.) Essas passagens descrevem as partes internas como o centro dos sentimentos, de experiência espiritual e de sabedoria. Mas notemos que não é o tecido material que pensa e sente, e, sim a alma operando por meio dos tecidos. Corretamente falando, não é o coração de carne, mas a alma, por meio do coração, que sente.

3. Por meio do corpo a alma recebe suas impressões do mundo exterior. Essas impressões são percebidas por estes sentidos: vista, audição, paladar, olfato e tato, e são transmitidas ao cérebro por via do sistema nervoso. Por meio do cérebro a alma elabora essas impressões pelos processos do intelecto, da razão, da memória e da imaginação. A alma atua sobre essas impressões enviando ordens às várias partes do corpo por via do cérebro e do sistema nervoso.

4. A alma estabelece contato com o mundo por meio do corpo, que é o instrumento da alma. O sentir, o pensar, o exercer vontade e outros atos, são todos eles atividades da alma ou do "eu". É o "eu" que vê e não somente os olhos; é o "eu" que pensa e não meramente o intelecto; é o "eu" que joga a bola e não meramente o meu braço; é o "eu" que pede e não simplesmente a língua ou os membros. Quando um membro é ferido, a alma não pode funcionar bem por meio dele; em caso de lesão cerebral pode resultar a demência. A alma então passa a ser como um músico com um instrumento danificado ou quebrado.  
Concluindo então, depreende-se que a origem da alma pode explicar-se pela cooperação tanto do Criador como dos pais. No princípio duma nova vida, a Divina criação e o uso criativo de meios agem em cooperação. O homem gera o homem em cooperação com "o Pai dos espíritos". O poder de Deus domina e permeia o mundo (Atos 17:28; Heb. 1:3) de maneira que todas as criaturas venham a ter existência segundo as leis que ele ordenou. Portanto, os processos normais da reprodução humana põem em execução as leis da vida fazendo com que a alma nasça no mundo.

A origem de todas as formas de vida está encoberta por um véu de mistérios (Ecl. 11:5; Sal. 139:13-16; Jo 10:8-12), e esse fato deve servir de aviso contra a especulação sobre as coisas que estão além dos limites das declarações bíblicas, sendo assim a existência da alma em parte é Ato Divino e em parte transmitida pelos pais no ato fecundativo para a propagação da posteridade do casal.

Valmir Barcellos, Teólogo, Ministro e Terapeuta.
Mestre em Teologia



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Diferenças entre doutrina bíblica e costume


Há pelo menos quatro diferenças básicas entre doutrina bíblica e costume puramente humano. Há costumes bons e maus. A doutrina bíblica conduz aos bons costumes.”


a) A doutrina é de origem divina, o costume é de origem humana. A doutrina é divina pois está baseada na inspirada Palavra de Deus. O costume é imposto por convenções humanas de maneira espontânea ou obrigatória, sendo assim, o costume é humano. Há muitos que tentam achar textos bíblicos para justificar a perpetuação de sua tradição, mas normalmente praticam a eisegese, ou seja, dizem o que bem querem e tentam justificar na Bíblia;


b) A doutrina é imutável, o costume muda. A doutrina é permanente, ela nunca muda. A doutrina da “justificação pela fé”, exposta principalmente nos primeiros capítulos de Romanos, nunca mudou e nem deve ser mudada. Doutrina (bíblica) mudada é heresia. O costume não é imutável. No Brasil era comum os cidadãos andarem pelas ruas de chapéus, tanto homens como mulheres, passados os anos não há mais esse costume no país. Antigamente, os pais escolhiam com quem a sua filha casaria, mas também esse costume mudou. É necessário que o costume mude, pois ele está ligado à cultura local, e toda cultura é dinâmica;


c) A doutrina é universal, o costume é local. A doutrina é universal no sentido que é para todos os povos em todas as culturas. Proclamar Jesus como Salvador faz sentido no Brasil em 2018, como para os indianos que foram evangelizados pelo apóstolo Tomé. O costume é local. Os homens na Escócia usam um tipo masculino de saia. No Siri Lanka é, também, costume para homens a vestimenta com saias. Enquanto a saia, na maior parte do Ocidente, é uma roupa exclusivamente feminina. No Brasil é comum comer peixe cozido ou frito, mas no Japão se come peixe-cru;d) A doutrina santifica, o costume não santifica. A doutrina bíblica santifica o crente mediante a Palavra de Deus. Jesus disse: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O costume não pode santificar. Quem acredita na santificação por meio dos costumes, normalmente, é um escravo do legalismo.


Pr. Vicente Paula LeiteDr. em Teologia - Fundador da Faculdade Teológica IbetelAtualmente é pastor de campo nas Igrejas Assembleias de Deus no Ipiranga/ SP


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O QUE NÃO É AVIVAMENTO BÍBLICO

Acreditamos ser de grande ajuda uma abordagem, mesmo que rápida, do que não é o padrão bíblico de avivamento.

1. Não é algo agendado pela igreja

Avivamento é obra soberana do Espírito Santo. A igreja não agenda e nem programa avivamento. A soberania de Deus, no entanto, não anula a responsabilidade humana. O avivamento jamais virá se a igreja não preparar o caminho do Senhor. O avivamento jamais acontecerá se a igreja não se humilhar. Sem obediência a Deus, jamais haverá derramamento do Espírito.

2. Não é mudança doutrinária

Cometem engano aqueles que querem descartar a doutrina na busca do avivamento. Descartar a doutrina é dinamitar os alicerces da vida cristã. Desprezar a doutrina é querer levantar um edifício sem lançar o fundamento. Desprezar a doutrina é querer colocar um corpo de pé e em movimento sem a estrutura óssea. "Assim como o homem crê no seu coração, assim ele é" (Pv 23.7 ARA).

3. Não é mudança litúrgica

Muitos dirigentes confundem avivamento com forma de culto, com liturgia animada, com coreografia e instrumental aparatoso. Louvor não é encenação. Não é mimetismo. Não é ritualismo. Não é emocionalismo. Não é apenas seguir formas pré-estabelecidas, como bater palmas, dizer aleluia, amém e levantar as mãos. Louvor não é pululância, gingos e dança. Louvor que apenas verbaliza coisas bonitas para Deus, mas não leva Deus a sério na vida é fogo estranho diante do Senhor. Hoje estamos vivendo a época dos shows evangélicos, dos show-men, dos animadores de programas religiosos, do "rock evangélico", das músicas badaladas por um ritmo sensual. À luz destas coisas, é preciso dizer que avivamento não é mudança litúrgica, é mudança de vida. Avivamento não é histeria carnal, é choro pelo pecado. Deus não procura adoração. Ele procura adoradores.

Pr. Ms Vicente Paula Leite

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A IGREJA CRISTÃ E O HOMOSSEXUALISMO



A IGREJA CRISTÃ E O HOMOSSEXUALISMO 

Neste artigo esclareceremos o que é Homossexualismo, o empenho da militância LGBT para calar a voz do povo de Deus, sua visão distorcida homofobia, a posição da Bíblia Sagrada e o posicionamento do autor sobre se somos ou não homofóbicos.
Primeiramente o que é Homossexualismo? É prática de relação amorosa e/ou sexual entre indivíduos do mesmo sexo, isso do ponto de vista Psiquiátrico.
A militância LGBT está atacando a liberdade religiosa, o protestantismo e a Igreja ortodoxa, na verdade estão tentando marginalizar as instituições religiosas, tentando coibir a expressão da fé ou melhor, silenciar a voz do que eles acreditam. Para eles os cristãos são homofóbicos.
“Os líderes cristãos que se dispõem a desaprovar publicamente o estilo de vida homossexual são condenados e tachados de “antigays”, “homófobos” e fanáticos religiosos pela imprensa. ” (SEVERO,1998, p.29)
Como Cristãos não podemos permanecer indiferentes a expansão do homossexualismo. O movimento LGBT ameaça o próprio alicerce da sociedade.
Partindo dos conceitos acima, podemos afirmar juntamente com a Ética Cristã que a prática do homossexualismo não encontra apoio nas Sagradas Escrituras, ou seja, a Bíblia Sagrada.
Em Marcos 7.21 – 23) Jesus deixa claro que não é a influência como (abuso sexual, ambiente familiar, deficiência, colegas, etc) que o torna alguém impuro, mas que de dentro do coração pecaminoso do homem é que procedem os maus desígnios e os males que o contamina.Pois do interior do coração dos homens vem os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, v 22 as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calunia, a arrogância e a insensatez, v 23 Todos esses males vem de dentro e tornam o homem impuro.
 Lembrando que os escritores bíblicos condenaram não apenas as práticas do homossexualismo, mas também toda e qualquer prática sexual que não esteja dentro dos padrões ético-cristãos, ou porque não dizer, aquele que é estabelecido por Deus na criação.
Vejamos o que diz R.W.Stott:
Desde que a ordem (monogamia hetero) foi estabelecida pela criação, não pela cultura, sua validade é permanente e universal. Não pode haver liberação, das normas criadas por Deus. ( Slott p. 183 -184).
Dentro do Reino de Deus fica evidente que tal práatica é inaceitável, isso não constitui por outro lado o preconceito. Isso os tem levados a acusarem a igreja cristãs como fascistas e preconceituosas por aceitarem somente a sexualidade que está na Bíblia.

IGREJA CRISTÃ – SOMOS HOMOFÓBICOS

Sendo assim, percebe-se que existe uma interpretação errônea do ativismo gay frente à massa Cristã. Ainda que algumas igrejas tenham tomado direções opostas, fechando as portas, trancando no exclusivismo religioso, afirmo que essa nunca foi e será o foco e a intensão da igreja verdadeira de Cristo; a igreja sempre atuou através do Espirito Santo como agente reconciliador do mundo para com Deus.
Vale lembrar que, ainda que alguns cristãos tenham comportamentos homofobicos, isso não significa que todos os são, assim como não podemos afirmar que todos que estão no ativismo Gay, e representam todos os gays existentes, sejam eles assumidos ou não assumidos.
Conforme está nas páginas sagradas, nunca houve e não haverá espaço para críticas preconceituosas e desumanas aos gays, a Igreja, o povo de Deus sempre foi chamado em todo tempo para resistir as tais práticas e ao mesmo tempo amar a todos independente do que eles fazem ou deixam de fazer. A igreja de Cristo nunca foi homofóbica.
           
Autor: Degnaldo Silva de Carvalho 


Bibliografia
Bíblia. Português. Bíblia do Ministro: nova versão internacional. Tradução pela comissão de tradução da Sociedade Bíblica Internacional. 1. ed. São Paulo: Editora Vida, 2003
Dicionário Bíblico Universal, São Paulo, Editora Vida, 1981
Dicio. Disponível: https://www.dicio.com.br/homossexualismo/ Acesso em 03 de Junho de 2018
Slott: Grandes questões sobre o sexo p.183 -184


Artigo publicado como composição de ativadade do curso de Mestrado em Teologia na Faculdade Ibetel

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Glossolalia: O carisma que ajunta o trigo e separa o joio



Introdução

Deus tem dado à Sua Igreja, em Cristo, grandes riquezas espirituais, ou bênçãos espirituais de toda a sorte (Ef 1.3), isso que segue a vida do crente cheio do Espirito Santo e a igreja militante, enquanto a mesma aguarda a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.7). Estes carismas, biblicamente falando, deverão ter legítima continuidade até que a Igreja seja arrebatada. Dentre os dons carismáticos, do Espirito Santo, queremos aqui destacar, por falta de espaço, apenas o falar em línguas – a glossolalia. Este carisma tão atacado, tão imitado, e pouco ensinado como se deveria fazer pelo cultivo de sua legitimidade, e para a glorificação de Deus Pai e Deus Filho na Igreja!
Continuidade é o nome que se dá ao cultivo e preservação dos dons do Espirito Santo. E, teologicamente chamamos Continuísmo.


1.    Os Inimigos dos Carismas – O Cessacionismo

Como já foi dito, por falta de espaço aqui não daremos um detalhamento das características daquilo que chamamos de inimigos do falar em línguas estranhas, na atualidade - os cessacionistas. Entendemos, no entanto, que por falta de um ensino consistente, não só pelo testemunho da tradição ou experiência, mas principalmente através de uma teologia especificamente pentecostal, que é o que se reclama e se cobra do movimento pentecostal contemporâneo; tudo isso deixa margem para que os adversários da fé pentecostal encontrem brechas para argumentar de forma radical e inescrupulosa, contra qualquer tipo de pentecostalismo, inclusive os ortodoxos. E isso o fazem sob o pretexto de “preservar a pureza da doutrina bíblica”. Esses supostos donos da ortodoxia bíblica são conhecidos como cessacionistas ou anti-pentecostais.

Um dos principais cessacionistas da atualidade trata-se do conferencista e escritor John MacArthur. Em Outubro de 2013, ele promoveu a Conferência “Strange Fire” (Fogo Estranho), sob o tema: Um encorajamento de John MacArthur aos Pentecostais Fiéis”, com o intuito de “abordar as aberrações, as heresias e as terríveis formas de manipulação e engano que muitos no movimento carismático exerceram sobre pessoas ingênuas”. Até ai tudo bem afinal, todo tipo de heresia e aberrações doutrinarias devem sim, ser combatidos mediante o ensino moderado e piedoso da Palavra de Deus.
No entanto, MacArthur não sabe fazer separação entre o joio e o trigo. Para ele, qualquer forma de manifestação carismática, neopentecostal e até mesmo os “pentecostais fiéis” como ele costuma dizer, são todos ingênuos e praticantes de aberrações. E isso se pode perceber no apelo que ele faz em seu vídeo postado na internet, dirigindo-se ao “pentecostal tradicional” ele apela:

“Eu quero encorajá-los. Sabemos que vocês estão por aí. Sabemos que vocês querem honrar ao Senhor e ser fiéis à Palavra de Deus, mas aqui está o que gostaríamos de vê-los fazendo: vocês precisam começar a falar contra essas pessoas. Precisam juntar-se a nós nisso. Queremos convocar uma grande força de dentro do movimento pentecostal tradicional. Uma força de pessoas que veem essas mesmas aberrações e que querem se distanciar dos falsos curandeiros e dos pregadores da prosperidade. Vocês precisam fazer isso para seu próprio bem e para integridade do seu próprio ministério. Vocês precisam escolher de que lado estão”.

Quando ele diz “uma grande força de dentro do movimento pentecostal tradicional”, não está, de forma alguma, reconhecendo a ortodoxia do pentecostalismo histórico contemporâneo, mas está dizendo que dentro deste movimento existem pessoas sérias, que amam a Deus e seus ministérios; mas que são ingênuas e iludidas por um movimento ilegítimo que é o pentecostalismo. Carecendo, portanto serem libertas dessa “aberração” para serem “fiéis a Palavra de Deus”. Ou seja, os pentecostais, na concepção de John MacArthur não é crente bíblico!
O falar em língua, no entendimento de MacArthur não é falar língua dos anjos ou outro idioma sobre-humano conhecido só de Deus, mas é falar em idiomas conhecidos e regularmente articulado pelo homem. Veja o que ele diz, em seu livro Carismáticaos (o titulo em si já é uma ironia):

É evidente que as verdadeiras línguas bíblicas não são tagarelice incompreensível, e sim idiomas. O que é aceito como línguas nos movimentos pentecostal e carismático não são línguas verdadeiras. O falar em línguas contemporâneo, muitas vezes designado glossolalia, não é o mesmo que nas Escrituras. (Editora Fiel, pag. 302)
 
Este ponto de vista é o que caracteriza o cessacionismo; não só o de MacArthur, mas de muitos outros eruditos antipentecostal, cujo espaço não nos permite mencionar aqui, com os detalhes do cessacionismo.


2.    “Cortando na Carne”- A Autocritica

O verdadeiro pentecostal, contemporâneo, que mantem a crença na continuidade dos dons espirituais, principalmente a glossolalia, ele não tem medo de fazer uma autocrítica do próprio movimento, com vistas à preservação e legitimidade dos frutos, e, o descartamento do joio. Visto que ele sabe, em plena consciência da grande possibilidade das imitações (assim como as bijuterias só existem em função de imitar as joias verdadeiras), e até mesmo dos abusos que causam escândalos, tanto aos de fora quanto aos de dentro da igreja; assim como acontecia na igreja de Corinto!
Corroborando com este entendimento, transcrevo a seguir, o que diz o Reverendo  Donald Gee:

Há outra coisa que desejo dizer, e que digo com pesar. Acredito que alguns batismos são decepcionantes porque certas pessoas foram levadas a falar algo parecido com línguas, e duvido que elas tenham realmente tido o batismo. Digo com muita sinceridade que uma das pragas que tem deturpado o Movimento Pentecostal é a de forçar as pessoas a falarem em línguas sem a atuação do Espirito Santo.
Continua o citado autor, expressando sua preocupação com a falta de maturidade de cristãos pentecostais, que, a exemplo da igreja de Corinto, usavam de forma indevida os dons do Espirito Santo, pois, o falar em línguas não traz o Espirito Santo; é o Espirito Santo que traz as línguas. Diz Gee:
Geralmente me preocupava quando alguém me trazia um novo opúsculo antipentecostal. Passava mal a noite, não conseguia dormir. É triste dizer: o Movimento tem sido enfraquecido, refreado e prejudicado pelos inimigos de dentro, e esses inimigos são aqueles que falam “com língua dos homens e dos anjos e não tem amor”. Que Deus nos mostre que há algo essencialmente errado com uma experiência que concede dons, mas não santidade.
Agora desejo dirigir-me aos que fazem grandes demonstrações dos dons do Espirito, mas parecem ter pouco fruto e pouca santidade. Suas vidas não demonstram a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Tais pessoas prejudicam mais o testemunho pentecostal do que todos os escritores e pregadores que se opõem a ele.
(Depois do Pentecostes, pag. 25,27)


3.    O Que é Dom de Línguas?

O dom de línguas é o meio sobrenatural através do qual o Espírito Santo leva o crente a falar uma ou mais línguas nunca antes estudada, portanto, estranhas àquele que a fala. Este dom nada tem a ver com a habilidade natural de se falar diferentes idiomas. Falar em línguas pela unção do Espírito Santo é "glossolalia" e não "poliglotismo".  Muitos estudiosos desse assunto, com frequência, citam casos de missionários que, após longos anos tentando aprender a língua do povo ou da tribo com que trabalham, de momento começam a falar aquela língua com uma fluência invejável, dispensando a ajuda de intérprete. E confundem, assim, esse fenômeno com o dom de línguas, quando o que aconteceu na verdade foi a manifestação do dom de milagres ou maravilhas. Quando Paulo escreveu aos Coríntios: "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos" (1 Co 14.18), não estava com isso dizendo que falava mais idiomas estrangeiros do que os crentes da igreja em Corinto. Se assim fosse o que Paulo estaria fazendo era demonstrar pura vaidade. Ele fazia alusão à glossolalia, ou seja, à habilidade sobrenatural de falar em línguas nunca antes estudadas.


4.    A Utilidade do Dom de Línguas

Grande é a utilidade do dom de línguas quando exercitado humildemente e com orientação do Espírito Santo. À luz de 1 Coríntios 14, o exercício do dom de línguas é útil para: a. falar mistérios com Deus. "... quem fala em outra língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios" (v.2); b. edificação individual. "O que fala em outra língua a si mesmo se edifica..." (v.4); c. orar bem. "Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato..." (v.14); d. complemento do culto. "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina; este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro interpretação", v.26. Falar de mistérios com Deus é um grande privilégio. Aquele que fala em línguas estranhas tem consciência de que está orando a Deus, louvando-o ou rogando algo a Ele, não obstante desconheça o significado daquilo que ora. Fala de acordo com o momento, e com uma força a jorrar dentro de si; mesmo assim, tem consciência de que é ele quem fala, e tem controle para começar ou terminar á hora que quiser. A pessoa fica perfeitamente calma e em pleno uso de suas faculdades mentais, consciente do que está fazendo e do que está acontecendo em torno dela. Frequentemente está absorvida por uma conversa racional, e normal, imediatamente antes e depois de falar em línguas.


Conclusão

Quero concluir este texto transcrevendo uma advertência de Júlio Severo, escritor e tradutor do Rev. Vincent Cheung, teólogo calvinista contrário ao cessacionismo; num de seus artigos intitulado: Cessacionismo é rebelião contra Deus.

Nota de Julio Severo:

Há um problema sério na Igreja Brasileira. A maioria das igrejas brasileiras aceita os dons sobrenaturais do Espírito Santo. E uma minoria absoluta os rejeita. Dessa minoria vem grande parte da chamada blogosfera protestante apologética, calvinistas geralmente esquerdistas que atacam pentecostais e neopentecostais vendo heresia em tudo e em todos. A motivação dessa minoria radical e birrenta é muitas vezes o cessacionismo — a falsa doutrina que ensina que os dons sobrenaturais do Espírito Santo cessaram dois mil anos atrás. 
juliosevero.blogspot.com

“Não extingais o Espírito. Não trateis as profecias com desdém. Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:19-21)


Bibliografia

OLIVEIRA, Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal Hoje. CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

GEE, Donald. Depois do Pentecoste. Editora Vida, 1987.

juliosevero.blogspot.com




Pr. Antonio Vicente da Costa
Mestrando em Teologia - IBETEL
Julho/2018




quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Teologia da Missão Integral uma Nova Metodologia Evangelística



Teologia da Missão Integral uma Nova Metodologia Evangelística
Luis Artur Candido*

Quando falamos desta nova perspectiva teológica a chamada TMI[1]temos que olhar para a história da igreja, porque a TMI é um anseio por reforma em algo que ficou engessado e que não consegue atender ao contexto da vida moderna em seus vários desdobramentos.

Olhamos de forma rápida sem muita análise teórica, o momento em que Jesus iniciou seu ministério e neste aspecto vamos centrar nossa análise em sua interpretação do Antigo Testamento, onde Ele passa fazer a correta interpretação do Antigo Testamento. Para que o texto pudesse atender aos anseios do homem do século I ele teve que fazer essa releitura e trazer o A.T para aquele realidade e forma viva, onde o texto acha aplicabilidade para o homem do século I.

Quando avançamos um pouco mais para o século IV onde nasce o que conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana, onde o Texto foi engessado novamente e ganhou uma camisa de força chamada tradição em que por 1000 anos dominou todo pensar e prática teológica do período medieval, o que já estava sufocando toda uma geração, eis surge, a partir do XIII um movimento reformista que denominamos renascença, com ímpeto libertário dos senhores da sua época, e aqui me refiro aos senhores feudais e a própria Igreja Católica.

Quem buscava uma vida mais centrada na existência, a religião tinha que ser relevante, pois, para o homem moderno que estava nascendo, neste ambiente libertário surge a Reforma Protestante buscando contextualizar o Texto Sagrado para a realidade do homem moderno para que o mesmo pudesse viver a fé de forma plena e relevante.

Mesmo a reforma, ficou focada em seu dogmatismo e de certa forma não se atendo à realidade do homem moderno o que causou uma reação de avivamento dentro do próprio movimento reformado, nos séculos XVII e XVIII surgem os movimentos espiritualistas que buscavam uma reforma dentro do movimento reformado, ou seja para esses grupos havia muito dogma e pouca espiritualidade.
Daí surgiu o movimentoPietista que buscava uma fé mais pessoal com práticas devocional mais centrada na espiritualidade.

Já a partir dos séculos das luzes e aí estamos falando do século XVIII com o surgimento do Iluminismo, Racionalismo e a mola propulsora para essas duas linhas filosóficas que foi o Humanismo do século XIV, a fé passou a ser questionada e tratada como obsoleta para o homem que tinha alcançado sua maioridade racional, o que fazer diante deste desafio imposto por essas linhas filosóficas.

A reação para colocar a fé cristã dentro da realidade do homem moderno foi fazer uma reinterpretação da fé cristã com os pressupostos filosóficos do período, e aí criou-se a Teologia Liberal que buscou tirar a fé cristã do seu sarcófago para atender ao homem moderno que surge como dono de si mesmo.

Estamos no século XIX onde surge esta nova metodologia evangelística para alcançar ao homem racional, e para isso houve um esvaziamento do Texto Sagrado onde tudo passou a ser questionado, os milagres não existiram, alguns autores não escreveram seus textos etc...
Diante deste vazio que se criou então o Evangelho Social que é fruto desta dissecação do Texto Sagrado que surgia partir do século XIX.
Prevalece entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), a promoção de um evangelho mais aceitável, que possa até mesmo ser admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular desse tipo de evangelho é conhecida como “evangelho social”.
Embora esse evangelho social seja comum entre os muitos novos movimentos evangélicos, ele não é novidade para a cristandade. Seu princípio moderno deu-se nos idos de 1800, quando pretendeu-se tratar das várias condições da sociedade que seriam causadoras do sofrimento da população. A crença era de que o Cristianismo atrairia seguidores quando demonstrasse o seu amor pela humanidade. Isso poderia ser mais bem realizado aliviando os sofrimentos causados pela pobreza, pelas enfermidades, pelas condições opressoras de trabalho, pelas injustiças sociais, pelos abusos dos direitos civis, etc[2].

A partir daí entendeu-se que o evangelho tinha que estar mais engajado nas questões políticas, econômicas e sociais, é a ideia de uma praticidade maior da fé cristã na realidade da vida dos indivíduos.

Desta perspectiva reformista surge então a teologia da Libertação como uma nova proposta metodológica de evangelização e atuação no meio da sociedade pós moderna para levar o evangelho todo para o homem todo. Este movimento teológico que surge entre os anos de 1950 e 1960,  procurou atuar na América como uma proposta teológica para a América Latina.

Com a mesma perspectiva reformista buscando uma metodologia de evangelização melhor para atuar no seio da sociedade, é realizado O Congresso Internacional de Evangelização Mundial, esse congresso foi realizado nos dias 16 a 25 de julho de 1974 na cidade de Lausanne, Suíça e a proposta era trazer para a realidade da igreja a responsabilidade que igreja tinha não só com a pregação, mas, também e/ou principalmente a atuação da igreja em sua responsabilidade social.

Diante deste breve quadro histórico é claro que sendo um quadro simplista e objetivo para chegarmos na TMI, pois ela foi gestada à partir destes movimentos reformistas buscando sempre uma nova metodologia evangelística.

Como movimento teológico, é um movimento novo e podemos datá-lo a partir de um evento que foi realizado em Cochabamba (Bolivia) pela Fraternidade Teológica Latino-americana.

Vinte e cinco líderes, pastores, missionários e professores de seminário de nove denominações se reuniram um ano depois em Cochabamba organizando a FTL – Fraternidade Teológica Latino-americana. Samuel Escobar, Pedro Savage, Emilio AntonioNuñez, Ricardo Sturtz e René Padilla formaram a sua primeira liderança. Desde então, foram mais quatro Congressos de Evangelização (CLADEs – 1979, 1992, 2000 e 2012) organizados pela FTL que demarcaram um campo teológico protestante latino-americano envolvendo igrejas, lideranças, publicações, eventos e movimentos nacionais, tendo como marco a integralidade da missão da igreja[3].

É partir deste evento surge então essa nova proposta teológica, cujo o intento é estruturar uma nova metodologia de evangelização para o mundo pós moderno[4]

De forma simplista e direta TMI, tem como proposta fazer uma releitura do Texto Sagrado e colocá-lo de forma relevante dentro da sociedade pós moderna. Pode-se dizer que é uma teologia de engajamento em questões sociopolítico para o homem contemporâneo. É tornar a mensagem Cristã não algo utópico, mas uma mensagem com tal praticidade que alcance o homem todo, que era o espírito de Lausanne.

É a igreja realizando sua missão, mas não no sentido de proselitismo, mas também com uma proposta de ação social dentro da sociedade humana.
Dentro desta perspectiva não há ruptura entre mensagem e ação, mas sim uma ação da fala e da prática.
Missão integral é muita mais que manter instituições. É sim fazer desta ação a própria vivência da igreja.

Teologia da Missão Integral recupera a noção do Reino de Deus como um sistema que engloba tudo o que afeta o homem e tudo o que o homem afeta. Engloba, portanto as questões sociais, política, econômica, ética, a moral, educacional, do trabalho, do direito, porque tudo isso afeta o homem e é afetado pelo homem, por isso é um sistema só, e esse sistema precisa ter um novo princípio vetor que segundo as Escrituras: É o Reino de Deus. Assim, o Reino de Deus é um novo sistema onde só a vontade de Deus é feita, e é um sistema econômico, político, social, moral, ético, educacional, está tudo contido no Reino de Deus[5].

Partindo desta definição, Missão Integral não é assistencialismo ou ação social, mas é a penetração do Reino de Deus dentro da sociedade como um todo de tal forma que essa penetração causará uma mudança radical não na perspectiva individual mas na  coletividade no seio da humanidade.
Essa releitura da ideia de Reino de Deus traz uma realidade para dentro da igreja que a faz refletir sua atuação na sociedade e rever sua atuação e partir para uma ação mais efetiva para que tal projeto aconteça dentro da coletividade humana, que é a proposta missiológica da igreja, dentro desta percepção integral.

E o pastor Steuermagel ainda afirma que a Missão Integral é um convite para baixo e não para cima, para a periferia e não para o shopping center[6]

A proposta da TMI é estar na esteira da sociedade levando para o homem coletivo a salvação para o homem todo a partir não só de pregação, mas ação efetiva dentro desta coletividade, não é só a ideia de pregação, mas de ação efetiva a solução da pobreza coletiva, se a igreja não atuar desta forma global ele falha em sua proposta evangelística, pois o homem deve ser salvo no seu todo e não em partes, para tanto a igreja não pode estar presa ao dogmatismo eclesiológico que vislumbra a questão transcendental da salvação.

A TMI não está presa a transcendentalidade, mas ela tem uma perspectiva horizontal.

...pastor Valdir Steuermagel...Ele diz que a TMI assusta as igrejas evangélicas porque elas não estão acostumadas com o sistema de “horizontalidade“, que significaria, nada menos, que a abolição do sistema hierárquico da igreja ou, como ele mesmo diz, o sistema clerical[7]

Sem entrar aqui no mérito marxista da frase, a proposta é olhar para o coletivo que está empobrecido e a partir daí voltar para essa realidade vivencial e atuar de forma efetiva para equiparar ou igualar a sociedade como um todo (isso tem cheiro de marxismo puro), aqui a estrutura clerical como conhecemos hoje não tem sua funcionalidade de atuação.

Portanto a TMI é mais uma nova perspectiva hermenêutica que se propõem em fazer uma releitura para fazer o Texto Sagrado ter relevância para o homem deste século e torná-la relevante para lidar não só com questões soteriológicas, mas principalmente sociopolítica, onde Igreja possa atuar de forma efetiva na busca de soluções para os problemas reais que surgem dentro da sociedade moderna.
Neste artigo procurei mostrar de forma sucinta o surgimento deste movimento teológico que na realidade é um movimento novo, mas que nos últimos anos tem ganhado força no Brasil, nestes últimos vinte anos de história do movimento.

Me limitei somente mostrar uma breve história da TMI bem como o seu propósito como metodologia de evangelização, não faremos uma crítica sobre o dito movimento, embora não concordando com essa abordagem teológica, pois não é a finalidade do artigo.

Mas o espaço para aprofundamento e crítica do assunto está em aberto, o fizemos foi trazer nossa contribuição sobre o referido tema.






[1] Estaremos usando esta sigla para Teologia da Missão Integral para facilitar nosso desenvolvimento do texto

[3]A história da Missão Integral e o jeito de fazer teologia,http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-historia-da-missao-integral-e-o-jeito-de-fazer-teologia

[4] Uso o termo pós moderno seguindo a percepção de ZigmuntBaunan.

[5]A Teologia da Missão Integral e o Marxismo, http://ariovaldoramosblog.blogspot.com.br/2014/03/a-teologia-da-missao-integral-e-o.html


[6] http://www.fabioblanco.com.br/arrogancia-e-a-hipocrisia-na-missao-integral/
[7]Ibid

*Bolsista Faculdade IBETEL Mestrando em Teologia Pastoral, artigo produzido para avaliação do Orientador João Carlos e publicação no blog do seminário